Autismo

SOBRE AUTISMO

O autismo é uma inadequação no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave e durante toda a vida, sendo notado tipicamente nos primeiros anos de vida. Desde o primeiro relato, em 1943, até as definições atuais, incluindo a criação do diagnóstico nos manuais psiquiátricos, o reconhecimento do transtorno é feito através de algumas características marcantes, que afetam o desenvolvimento do indivíduo, como: ausência de contato com a realidade externa e dificuldade na interação social; prejuízos na comunicação e distúrbios na linguagem; padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades; necessidade de manter estável e inalterado o ambiente habitual (ASSUMPÇÃO JR et al., 1999; MORANT; MULAS; HERNÁNDEZ, 2001; ALISON MCINNES, 2002; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; BOSA, 2006, ELIAS; ASSUMPÇÃO JR, 2006; KLIN, 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; DIGGLE; MCCONACHIE; RANDLE, 2008; QUIJADA, 2008; SATO, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; CAMARGO; BOSA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009; CUCOLICCHIO et al., 2010).

Muitos estudos têm sido desenvolvidos na tentativa de contribuir para a definição de autismo, contudo, ainda há muito a ser investigado para combater a indefinição relativa à sua etiologia. O diagnóstico precoce somado às técnicas de intervenção revela-se de extrema importância no prognóstico e qualidade de vida dos indivíduos autistas.

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ASPECTOS HISTÓRICOS DO AUTISMO

O termo autismo foi utilizado pela primeira vez, em 1911, pelo psiquiatra suíço Bleuler, associando-o à esquizofrenia, para descrever a perda de contato com a realidade, que gerava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação (TALERO et al., 2003; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004, MUÑOZ YUNTA et al., 2006; CABRERA, 2007; FERRARI, 2007; SATO, 2008; MEBARAK; MARTÍNEZ; SERNA, 2009).

Em 1943, o psiquiatra austríaco Leo Kanner, radicado nos Estados Unidos, descreveu um grupo de onze casos clínicos de crianças em seu artigo originalmente intitulado Autistic disturbances of affective contact, utilizando-se da mesma expressão, pois as crianças investigadas por ele apresentavam inabilidade para se relacionarem com outras pessoas e situações desde o início da vida, falha no uso da linguagem para comunicação, estereotipias e resistência à mudanças (TALERO et al., 2003; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; GOLSE, 2005; KLIN, 2006; MORALES, 2006; MUÑOZ YUNTA et al., 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO, 2008; MEBARAK; MARTÍNEZ; SERNA, 2009).

Apesar das primeiras teorias de Kanner sobre a origem do transtorno terem se mostrado equivocadas em alguns aspectos, como a falta de afeto dos pais ser o principal fator para o desenvolvimento do distúrbio, o autor não deixou de assinalar que algum fator biológico, existente na criança, poderia estar envolvido (LAMPREIA, 2004; KLIN, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; SATO, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; MEBARAK; MARTÍNEZ; SERNA, 2009).

Kanner (1943), concluiu seu artigo da seguinte forma:

“Devemos, então, supor que essas crianças vieram ao mundo com uma incapacidade inata de estabelecer o contato afetivo habitual com as pessoas, biologicamente previsto, exatamente como as outras crianças vêm ao mundo com deficiências físicas ou intelectuais.”

 

 

As teorias afetivas sobre o autismo já eram alvo de questionamentos desde a década de 60. O próprio Kanner, nesse período, passou a valorizar fatores orgânicos na gênese do quadro e, em 1968 declarou:

“É reconhecido pelos observadores, exceto por um pequeno número que está atrasado por um distanciamento doutrinário, que o autismo não é, em sua origem, algo adquirido ou uma doença criada pelo homem (KANNER, 1968 apud AMY, 2001).”

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CARACTERÍSTICAS DO AUTISMO

O fenótipo autista é amplamente variado, e caracteriza-se por apresentar desvios em três importantes domínios do desenvolvimento humano: comunicação, sociabilização e comportamento Estas características geralmente são notadas nos primeiros três anos de vida, persistindo até a idade adulta (MELLO, 2000; ALISON MCINNES, 2002; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; ELIAS; ASSUMPÇÃO JR, 2006; CANAL BEDIA et al., 2006; KLIN, 2006; MUÑOZ YUNTA et al., 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; SOLÍS-AÑEZ; DELGADO-LUENGO; HERNÁNDEZ, 2007; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; CAMARGO; BOSA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009).

A comunicação se encontra prejudicada, tanto nos comportamentos verbais quanto nos não verbais. A fala pode ser atrasada, não se manifestar ou ainda ser ecolálica, sem expressão de sentimentos e uso de palavras apenas em seu sentido literal. O mesmo é válido para comunicação não-verbal, apresentando nestes indivíduos falta de contato visual, grande dificuldade na compreensão e produção de gestos e expressões faciais (MELLO, 2000; ALISON MCINNES, 2002; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; CANAL BEDIA et al., 2006; KLIN, 2006; MUÑOZ YUNTA et al., 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; SOLÍS-AÑEZ; DELGADO-LUENGO; HERNÁNDEZ, 2007; DIGGLE; MCCONACHIE; RANDLE, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; CAMARGO; BOSA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009).

Os problemas na sociabilização caracterizam-se pela dificuldade para iniciar, estabelecer e/ou manter algum tipo de interação social. Por vezes, só fala sobre os assuntos que prefere; repetindo este assunto e evitando outros. Apresenta uma pobre consciência do próximo não conseguindo colocar-se no lugar de outras pessoas. Adolescentes e adultos que apresentam habilidades cognitivas adequadas podem isolar-se e/ou apresentar quadros de transtornos depressivos e de ansiedade (MELLO, 2000; ALISON MCINNES, 2002; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; CANAL BEDIA et al., 2006; KLIN, 2006; MUÑOZ YUNTA et al., 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; SOLÍS-AÑEZ; DELGADO-LUENGO; HERNÁNDEZ, 2007; DIGGLE; MCCONACHIE; RANDLE, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; CAMARGO; BOSA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009).

Em relação ao comportamento, indivíduos autistas apresentam um repertório restrito e repetitivo de interesses, fazendo com que precisem intensamente da permanência de sua rotina, presença de gestos estranhos (estereotipias) nos quais buscam conforto (e.g., balançar o tronco) (MELLO, 2000; ALISON MCINNES, 2002; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; CANAL BEDIA et al., 2006; KLIN, 2006; MUÑOZ YUNTA et al., 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; SOLÍS-AÑEZ; DELGADO-LUENGO; HERNÁNDEZ, 2007; DIGGLE; MCCONACHIE; RANDLE, 2008; TAMANAHA; PERISSINOTO; CHIARI, 2008; CAMARGO; BOSA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009).

As respostas anormais a estímulos sensoriais (hipo ou hipersensibilidade auditiva), sensibilidade tátil, aversão ao toque, fascínio por determinados estímulos visuais, alta tolerância a dor, falta de percepção do perigo, acessos de ira, comportamento automutilante e reações emocionais ausentes ou diminuídas, também contribuem para os problemas de comportamento dos autistas (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; KLIN, 2006; SILVA; MULICK, 2009).

Atualmente, a literatura descreve tanto autistas clássicos, com ausência de comunicação verbal e deficiência mental grave, quanto autistas com sociabilidade comprometida, que apresentam habilidades verbais e o não comprometimento da capacidade intelectual. Esta heterogeneidade tornou mais apropriado o uso do termo transtornos invasivos do desenvolvimento (TID) (CARVALHEIRA; VERGANI; BRUNONI, 2004; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; LAMPREIA, 2004; KLIN, 2006; KLIN; MERCADANTE, 2006; NIKOLOV; JONKER; SCAHILL, 2006; QUIJADA, 2008; SATO, 2008).

Além dos prejuízos cognitivos, alguns casos de crises convulsivas são comuns, principalmente na infância, em aproximadamente 30% dos casos (GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MORALES, 2006; ZILBOVICIUS; MERESSE; BODDAERT, 2006; QUIJADA, 2008; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULIK, 2009).

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CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS EVOLUTIVAS DO AUTISMO ATÉ O QUINTO ANO DE IDADE

Recém–nascido

  • Parece diferente dos outros bebês
  • Parece não precisar da mãe
  • Raramente chora
  • Torna-se rígido quando é pego no colo
  • Por vezes reage de maneira incomum e irrita-se com determinados elementos
Primeiro ano
  • Não pede nada, não nota a mãe
  • Sorrisos, resmungos, respostas antecipadas são ausentes ou retardados
  • Muito reativo aos sons
  • Não demonstra afeto
  • Não interessado por jogos sociais
Segundo e terceiro anos
  • Indiferente aos contatos sociais
  • Comunica-se mexendo a mão do adulto
  • O único interesse pelos brinquedos consiste em alinhá-los
  • Intolerância às mudanças
  • Fita fixamente detalhes visuais
  • Estereotipia motora
Quarto e quinto anos
  • Ausência do contato visual
  • Ausência de fantasias, imaginação, brincadeiras e/ou jogos de representação
  • Ecolalia
  • Resistência às mudanças
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DIAGNÓSTICO

Não existem provas científicas para o diagnóstico do autismo, que é baseado somente na observação em uma lista de critérios comportamentais, comumente notados pelos pais (LAMPREIA, 2004; CABRERA, 2007; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008; SILVA; MULICK, 2009).

Visando a uniformização do diagnóstico, foram criadas definições mundialmente seguidas contidas na Classificação Internacional das Doenças, 10ª edição (CID 10) e no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais, 4ª edição, texto revisado (DSM-IV-TR). (CARVALHEIRA; VERGANI; BRUNONI, 2004; GADIA; TUCHMAN; ROTTA, 2004; MULAS et al., 2004; BOSA, 2006; KLIN, 2006; BALBUENA RIVERA, 2007; DIGGLE; MCCONACHIE; RANDLE, 2008; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; LOSAPIO; PONDÉ, 2008; SATO, 2008; MEBARAK; MARTÍNEZ; SERNA, 2009; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009; SILVA; MULICK, 2009).

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ESCALAS DE AVALIAÇÃO

As escalas de avaliação permitem mensurar as condutas apresentadas em autistas, de maneira a se estabelecer um diagnóstico de maior confiabilidade. Estas avaliações permitem o reconhecimento de traços autísticos, diferenciando-os de outros tipos de deficiência mental. Em conseqüência, estas avaliações diagnósticas para suspeita de autismo, devem ser feitas por uma equipe multidisciplinar. Usualmente elas se apresentam sob a forma de questionários, listas de sintomas ou inventários (ASSUMPÇÃO et al., 1999; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; LOSAPIO; PONDÉ, 2008; SATO, 2008; CUCOLICCHIO et al., 2010).

Inúmeros são os instrumentos que buscam alcançar uma melhor compreensão do autismo, avaliando quantitativa e qualitativamente o comportamento desses indivíduos. Assumpção et al. (1999) e Sato (2008) ressaltam que não existem testes diagnósticos específicos para confirmação do autismo. Estes instrumentos servem apenas para orientar, esclarecer e ajudar no raciocínio clínico-investigativo e avaliação da evolução de determinados quadros.

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ESCALAS DE AVALIAÇÃO RELACIONADAS AO TRANSTORNO AUTÍSTICO

1 – ATA (Escala de Avaliação de Traços Autísticos)

  • Método:

Composta por 23 subescalas que analisam o comportamento do indivíduo.

  • Objetivo:

Analisar o perfil de conduta da criança, tendo por base a sintomatologia autística.

2 – ADI-R (Autism Diagnostic Interview-Revised)

  • Método:

Entrevista diagnóstica (anamnese).

  • Objetivo:

Fornecer uma avaliação ao longo da vida de uma série de comportamentos relevantes para o diagnóstico diferencial de TGD em indivíduos a partir dos 5 anos até o início da idade adulta e com idade mental a partir dos 2 anos de idade.

3 – CARS (Childhood Autism Rating Scale)

  • Método:

Escala composta por 15 itens.

  • Objetivo:

Diferenciar o grau de comprometimento do autismo entre leve, moderado e severo.

4 – ABC (Autism Behavior Checklist) ou ICA (Inventário de Comportamentos Autísticos)

  • Método:

Lista contendo 57 comportamentos atípicos.

  • Objetivo:

Ajudar no diagnóstico diferencial de crianças suspeitas de ter TGD encaminhando-as a tratamentos interventivos adequados.

5 – ASQ (Autism Screening Questionnaire) ou SCQ (Social Communication Questionnaire )

  • Método:

Seleção de 40 perguntas feitas aos pais e/ou cuidadores.

  • Objetivo:

Avaliar crianças com elevado risco de problemas de desenvolvimento, baseado na pontuação de comportamentos organizados em três áreas de funcionamento: interação social recíproca, linguagem e comunicação; além de padrões repetitivos e estereotipados de comportamento.

6 – ADOS-G (Autism Diagnostic Observation Schedule-Generic)

  • Método:

Avaliação semi-estruturada baseada na observação.

  • Objetivo:

Fornecer contextos normais para a observação do comportamento de uma faixa mais ampla de desenvolvimento e idade em pessoas suspeitas de terem autismo.

7 – PEP-R (perfil psicoeducacional revisado)

  • Método:

Instrumento de medida da idade de desenvolvimento de crianças com autismo, composto por duas escalas.

  • Objetivo:

Identificar padrões irregulares de aprendizagem, visando a subseqüente elaboração do planejamento psicoeducacional.

8 – M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers)

  • Método:

Escala de rastreamento composta por 23 questões do tipo sim/não.

  • Objetivo:

Identificar traços de autismo em crianças de idade precoce.

 

Fonte: AMA – ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO AUTISTA

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ETIOLOGIA

A etiologia do autismo ainda é desconhecida. Algumas pesquisas demonstram que fatores biológicos estão implicados, embora ainda não tenha sido identificado um marcador biológico específico (ALISON MCINNES, 2002; MUÑOZ YUNTA et al.,2006; BALBUENA RIVERA, 2007; CABRERA, 2007; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008).

De acordo com Gadia; Tuchman e Rotta (2004), Klin (2006), Cabrera (2007) e Cucolicchio et al. (2010), o autismo é um conjunto de síndromes e patologias com etiologias diversas e variações no grau de severidade.

Muitos pesquisadores também acreditam que o transtorno autístico é desencadeado por um processo auto- imune, afetando vários sistemas, incluindo o trato gastrointestinal, cérebro e fígado.

Atualmente, com o avanço da tecnologia e o término do seqüenciamento do genoma humano, podem-se esperar grandes progressos no entendimento das origens biológicas do autismo (GUPTA; STATE, 2006).

A determinação de uma etiologia específica é muito importante para que se defina um prognóstico e riscos de reincidência (CABRERA, 2007).

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INCIDÊNCIA

Os números de incidência divulgados por diversos autores variam muito, à medida que cada autor obedece e/ou aceita diversos critérios de diagnóstico, de tal forma que o que para uns é autismo, para outros não é. De qualquer forma, os índices atualmente mais aceitos e divulgados variam dentro de uma faixa de 5 a 15 casos em cada 10.000 indivíduos, dependendo da flexibilidade do autor quanto ao diagnóstico.

Independentemente de critérios de diagnóstico, é certo que o transtorno atinge principalmente indivíduos do sexo masculino, nos quais as taxas de incidência são quatro a cinco vezes superiores (CARVALHEIRA; VERGANI; BRUNONI, 2004; GOLSE, 2005; KLIN, 2006; CABRERA, 2007; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008; SILVA; MULICK, 2009).

Contudo, “não há nenhum estudo sério sobre o número de autistas no país”, afirma o Drº. Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (NOGUEIRA, 2007).

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FATORES GENÉTICOS

Várias pesquisas têm oferecido evidências que sugerem algum nível de participação de fatores genéticos na etiologia do autismo, porém, até o momento, não se sabe ao certo que genes específicos parecem contribuir para esses fenótipos característicos, nem como exatamente eles atuam, interagindo entre si e/ou com fatores ambientais específicos (CAYCEDO, 2006; GUPTA; STATE, 2006; KLIN; MERCADANTE, 2006; JESNER; AREF-ADIB; COREN, 2008; SATO, 2008; SILVA; MULICK, 2009).

Entretanto, de acordo com Carvalheira; Vergani e Brunoni (2004), a maioria desses genes só poderá ser reconhecida quando, literalmente, centenas de indivíduos afetados, e seus familiares, forem analisados.

Evidências melhores para a importância de fatores genéticos são provenientes de estudos com gêmeos, onde a concordância é maior entre monozigóticos do que entre dizigóticos. Estas pesquisas apontam uma alta herdabilidade do autismo, porém, este transtorno não segue um padrão mendeliano de herança, o que sugere uma interação entre múltiplos genes (ALISON MCINNES, 2002; CARVALHEIRA; VERGANI; BRUNONI, 2004; CAYCEDO, 2006; GUPTA; STATE, 2006; CABRERA, 2007; SOLÍS-AÑEZ; DELGADO-LUENGO; HERNÁNDEZ, 2007; QUIJADA, 2008; RUIZ-LÁRARO; POSADA DE LA PAZ; HIJANO BANDERA, 2009).

Mesmo que seja amplamente aceito que não há um gene único do autismo, é difícil predizer o número de regiões genéticas, ou loci, que contribuem para ele (GUPTA; STATE, 2006).

Assim como em outros transtornos de causa multifatorial, a informação sobre os riscos de recorrência do autismo é baseada na observação direta da recorrência em diversas famílias.